PESCARIA NA ILHA ITACOLOMI


          Se quando estiver no mar, um marinheiro ou pescador mais experiente falar para você tomar uma precaução, obedeça; nunca vá contra.
Um senhor alugou um barco de 3 metros de comprimento (inflável) e chamou um pescador conhecido para pescar na Ilha de Itacolomi.
A meteorologia direcionava apenas para um tempo neutro.
Os dois pegaram uma tarrafa, passaram pela ilha do Araçá, deram umas tarafeadas — pegaram mais ou menos um meio saco de sardinha.
Depois disso, resolveram ir para terra firme, para que no dia seguinte seguissem até a ilha cobiçada.
Ainda era de madrugada quando saíram. À medida que avançavam ao destino final, o pescador ia explicando para ele as providências que deviam ser feitas, principalmente para uma pessoa como ele, que nunca havia saído para o mar afora, sempre acostumado a pescar na baía.
Assim que chegaram na ilha de Itacolomi, aportaram quando já amanhecia. A pescaria foi se deslanchando e uns peixinhos bons, mais um dourado e uma cavala deixaram a baía.  
Notando a mudança do tempo, outros pescadores que por ali também buscavam peixes, começaram a partir em suas lanchas. Nisso, o pescador experiente falou:
— Moço, estas lanchas têm barômetro, GPS e rádio. Elas viram alguma coisa. Acho melhor ir embora.
E ele respondeu:
— Não. Agora que estamos pescando bem. Não vamos não!
— Moço, moço. A gente pode até ficar, mas tem que ficar prestando atenção: se o vento virar, se você ver que o barco começa a navegar do sul para norte, vamos embora imediatamente porque é virada de tempo brabo.
Não demorou meia hora e bateu uma ventania. A primeira onda que os atingiu passou por cima do barco: barco para um lado e eles para o outro.
Perderam sardinha, perderam os peixes, perderam a tralha, remo, perderam tudo que tinha no barco. Mas a situação foi piorando, e o senhor inesperiente, pelo balanço e más condições do tempo, sentiu-se mal.  E antes que melhorasse de todo, começou a cair uma fortíssima chuva de pedra.
Eles pularam para dentro da água, e ficaram agarrados na cordinha da embarcação, só com a mão por cima do barco. Levaram tanta pedra na mão, que os dedos ficaram em carne viva. Mas foram aguentando o repuxo, até aliviar a chuva de pedra.
 Quando já retornavam à baía, uma onda bem grande levantou o barco e eles puderam ver a cidade de Guaratuba. Mas os problemas continuaram: quando estavam chegando perto da praia de Caieiras, acabou o combustível; e vieram mais ondas e ventos; e o moço passou mal de novo.
Como haviam perdido os remos, estavam à deriva, levados pela correnteza e ventos. Um bom tempo depois foram socorridos por uma lancha da Polícia Militar que estava passando, justamente pesquisando os malucos do nível deles que, por ventura, poderiam estar perdidos em motivo da tempestade.
Conseguiram se salvar, quase mortos de frio e exaustão, com a mão em carne viva, orgulho ferido.

Moral: Escute os experientes que andam de barco com você!"
(Colaboração: Janete Cardoso – aluna do curso de Pedagogia ISEPE. Junho de  2009)